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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Desejo


DESEJO

Desejo que alguém grite por mim o que sinto
Para que todo o Universo o saiba.
Que alguém perca o seu tempo em me ler, como um livro,
Que saibam ver-me e analisar-me.
Decorem o meu corpo, cada linha,
O meu corpo, cada traço
O meu ser, ai ...devagar!
Que alguém grite, para eu acordar desta angústia
De não poder dizer o que me vai na alma,
Que alguém fale deste meu gosto pelo MAR
E segrede baixinho, dos seus lábios aos meus
Esta vontade imensa de AMAR.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Era Já Dia


ERA JÁ DIA

Era já dia...
Nem consegui dormir
Cada vez mais só
Pela passadeira que me conduz à praia
Usando apenas um chapéu transparente
E calções brancos.
As ondas cálidas tornaram tudo transparente.
Caminho, caminho sem pensar
Os meus pensamentos levam-te até longe
A aragem cada vez mais morna
Desalinha os meus poucos cabelos.
Cheiro o sabor intenso do mar
Ando pausadamente, sem rumo para chegar
Exausto...
A cada passo admiro as ondas,
Prateadas pela luz solar
Inesperadamente surges
Completamente nua, naquelas ondas,
Túnica transparente
Caminhas até mim...
Tomo-te nos meus braços.
Os nossos beijos selam o nosso amor.
Tiro meu chapéu e calções para a areia fina
Tua túnica cai ao longo de teu corpo.
E completamente nus.
Na areia, e intensamente nos amámos.
Somente, tendo por testemunha
O mar... com alguma ventania.
E um dia aconteceu em plena fantasia.
A noite acontece...

O sol que feriu os nossos olhos
Desapareceu no horizonte,
Procuramos. Olhamos ao nosso redor,
Mas continuamos nus e só.
Ouvimos vozes, dizendo:
-Eles estão loucos,
Outros comentavam:
-Devem estar embriagados!
Em silêncio vestimos a pouca roupa levada
E uma lágrima teimosa teimava e corria.
Concordando com as vozes escutadas
Sim, embriagados …mas de amor...
Era um sonho... um sonho de amor
A que a passadeira nos conduziu.

domingo, 28 de novembro de 2010

Cavalos em Fuga

CAVALOS EM FUGA

Cavalos em fuga, força da natureza,
de impar beleza…
Galopam nervosos fugindo ou procurando algo
Em longas manadas procuram o que só eles sabem,
Os prados por onde correm, tornam-se quadros,
Pintados de verde.

Mostram a força que a natureza lhes deu,
Refrescam-se em livres movimentos, nos riachos
Que em seu galopar possam encontrar
Nas planícies o chão treme sob os seus cascos
O vento macio, corre suavemente
 pelas suas longas e lustrosas crinas,
Já que o vento amaina nas pradarias

Mas os caminhos que percorrem, nem sempre são macios.
Pois as pedras foram caldeadas pelo tempo.
À sua espera estão longas montanhas rugosas,
 que o tempo esculpiu…
É ai que os cavalos passeiam
Troteando sobem cautelosos, sem esforço, com alegria
Os seus cascos quase não tocam nas perigosas
rochas do caminho…
Passam pelas ravinas, com a imponência da sua figura
Maravilhoso vê-los esticar os seus belos
 e esguios pescoços.
Firmes como se fossem estátuas,
 Esculpidas pelo cinzel do artista
Os seus cascos faíscam,
 quando roçam as pedras rugosas do caminho.

São estátuas esculpidas com rara elegância
Sente-se que através do seu olhar meigo,
querem olhar o infinito…
Cheirar os odores do Universo que os rodeia,
Estes cavalos a que chamamos de selvagens,
Que não são mais do que cavalos meigos
 dos nossos sonhos.
Deixarão de ser chamados..., Cavalos Selvagens.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Fotografo


O FOTÓGRAFO
O Fotógrafo que com cuidado
Grava a tua imagem
Umas vezes é a preto e branco,
 Outras cinzentas, outra transparente.
Mas seja lá qual for a maneira
Ficas sempre com o olhar colocado em mim.
Quando a foto é transparente
Olho-a como se fosse a cores,
Como o meu coração a pinta…
Como se fosse ele quem manda, sem regras.

O Fotógrafo que com cuidado grava a tua imagem,
Grava-a como se tivesse cheiro
Das ondas do mar e do verde das planícies,
Especiais, como nunca sentiram.
Há sabor na fotografia
Na expressão que o meu olhar enxerga
E que ao coração me alegra.

O Fotógrafo que com cuidado grava a tua imagem,
Mostra uma foto a falar comigo,
E lembra-me o devaneio
Por me "castrar" ao querer estar contigo.

O Fotógrafo que com cuidado grava a tua imagem
Gravou-a para mim...
 O meu coração diz-me que é minha.
Hei-de devorá-la, sempre que a olhe,
Com olhos que nunca pensei ter para ti,
O cheiro que sempre hei-de amar com carinho
No meu ser se há-de aninhar,
 até a vida me levar!


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sevilhana



SEVILHANA
Nos meus passos, que soam a mansos
Tentam esconder uma pequena flor
Ou antes um lamento.

Como dói sentir,
Esquecer talvez, não!
Quando abro as mãos,
Sim, as minhas mãos
Não consigo,
Porque sabes que me doem até ao infinito

Foi assim que a cigana me ensinou.
Em suas saias esconde
O que está infinitamente calado.
Eu tenho os braços entrelaçados,
 Amarrados…
Com feridas eternas que me levam a
Ser capaz de arrancar os olhos
Mas jamais o farei.
E tu... Estás além,
Desencontrada
Impossibilitada
Oh, como conheço esta cadência de tal dança
Chamaram-lhe a dança sevilhana...
Cigana talvez…tal dança,
Neste pequeno palco, onde no chão se espalha a dor.
Quem sou eu..., quem é o teu eterno amor?