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sábado, 28 de maio de 2011

Poemas, Histórias e Quadros Africanos

Para a mulher Negra
Que outros cantem o teu corpo
Que cantem aos ventos, que é feiticeiro
Que é sedutor,
Que na sua volúpia,
se oiça os madrigais à tua dor.
Que cantem outros, os teus requebros
nos passos cadenciados de massemba
e da quilapanga,
No teu rosto, os teus olhos onde a noite brilha,
e o luar é doce,,
a tua boca, os teus beiços têm o sabor das frutas frescas.
Que os outros cantem aos ventos, os teus usos
Deixa que cantem,
as formas sensuais da tua raça.
Que não são mais que uma graça sensual,
sempre cheia de exotismo,
que só existe na tua raça.
Deixa que os homens e os poetas
cantem o teu corpo,

e fiquem infinidamente, a olhar
um corpo cheio de mistério e de feitiço...
Deixa que todos csntem o teu corpo
- que eu sempre cantarei o mais fundo do teu ser,
serás a minha amada,
como eu gostaria de saber cantar África.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Finalmente.....................

BEM HAJAM


Chegou ao fim a construção do livro de Pinturas e Poemas, desde já quero agradecer a todos que com o seu incentivo me ajudaram a ultrapassar esta aventura, agora o problema, só se coloca na edição do mesmo.

Á Mité os meus agradeimentos pelo trabalho que lhe dei nas sucessivas revisões dos poemas, ao Prof. Ribeiro e ao amigo Avelino, o meu BEM HAJA.


A todos que fizeram os seus comentários. o meu BEM HAJA, só posso dizer que foram uma bela forma de me incentivar na construção do PINTURAS E POEMAS.


E como a vida não para, cá vamos ver se inicio mais um novo livro, já está em MARCHA

sábado, 21 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Retrato Jovem Amada

RETRATO DA JOVEM AMADA

Quisera vestir-te de Primavera
Como o vento claro que escreve
O nome das sementes sobre os campos
...Pintar flores novas nos teus ramos
O desenhar em cada gota de orvalho
Uma esperança trémula
Beijar as tuas raízes como um rio subterrâneo
Cobrir-te de estames de oiro
E transparência azuladas
Como um céu de inefável juventude
Acariciar os teus pomos redondos
Cheirosos a luar e a madrugadas
Ser natural como tudo o que respira
E ao abraçar-te edificar um mundo
Sem montanhas e rios entre nós

O Dragão Março de 1966

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ANTEVISÃO


ANTEVISÃO

Repicam os sinos
Dlim, dlão
No meio da multidão, surge por encanto
...Diante dos teus olhos enevoados
O teu rebento crescido
Dlim, dlão, dlão
Oh! Que sonho que ilusão
Paradoxo da vida
Em vez de um menino, tímido, fugidio
Surge-te um rapaz robusto, mocetão
Dlim, dlão, dlão
É o toque dos sinos que chamam pela paz
Ressoam os sinos
Voltou o menino
Choram os olhos de alegria, chora o coração
Meio entontecido, meio adormecido
Com os olhos encovados, doentios
Ainda entorpecido, pelo troar dos canhões
Vejo com a alma partida
Que já não sou o menino
Que numa manhã fria de Inverno doentio
Se despediu da mãe
Dlim, dlão, dlão
É a voz dos metais aprisionados
Aos meus ouvidos endurecidos
Pelo fragor das emboscadas, oiço as palavras
Meu filho! Meu menino!
Tremo, olho e vejo-me de rosto cerrado
Olhar amadurecido, duro talvez?
Olho de novo aquela figura
Pequenina, velhinha, pálida
Já não sou o mesmo, endureci….
Nem um músculo dá sinais de vida, tremo
Há muito que a experiência da vida
Me disse, me aconselhou, mostrar por fora
O que não nos vai por dentro
Algo se parte em mim, a minha voz
Quer elevar-se e dizer
Mãe o teu menino, aquele que tu viste partir
Já não é um MENINO
É um HOMEM QUE ENDURECEU
Que matou para não morrer
Que matou para te tornar a ver
Dlim, dlão, dlão
Repicam os sinos
Indiferentes
Dlim, dlão, dlão
Choro por te tornar a ver feito homem
Choro por ti, por tudo quanto perdi
Dlim, dlão, dlão

Alberto David
Jornal o DRAGÃO, Março de 1966

sexta-feira, 6 de maio de 2011

EMBONDEIRO



Embondeiro

.. De clima tropical,
Xerófila vegetal,
Eu sou !
Eu sou...
De corpo cavernoso
E tronco garrafal
Enorme. Não formoso,
Árido, descomunal,
De ramos levantados,
(Erguidos pr'os céus)
Nus (de folhas despidos),
Rigando preces a Deus
Estou!
Às chuvas, aos ventos...
Titã rofo, rigente,
De andrajos vestido.
Meu fruto, meu rebento,
Em meus braços detido,
Lembra rato pendente
Pelo rabo sustido.
Em campo desolado
De vastidão sem fim,
Meu corpo se ergueu,
Cresceu... cresceu...
E a meu lado o capim.
Que tristeza! Que solidão!
Se me vem... olham... olham...
Miram... remiram e passam.
Desilusão!
Em minha sombra não descansam!
De corpo hirto descomunal,
Informe (por vezes rachado)...
Lanço os meus braços aos céus
E grito! Oh meu Deus
Antes fosse rasteiro
Pasto de animal!
Não! ... serei o que sou enorme...
Alto, disforme...
Até no nome sou enorme...
EMBONDEIRO!... EMBONDEIRO
Eu sou!

IGOR
(cópia do Jornal O Dragão nº 2 de Setembro de 1966)