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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Amor....

 
Amor....

 Se alguem te pedir, amor, se alguem te pedir
que contes aquela antiga história
do velho barco que partiu
e que se perdeu na imensidão das ondas,
...
nunca a contes, amor, nunca a contes
pois a imensidão do mar és tu
e o velho barco sou sou eu.

E se insistirem, amor, e se insistirem
que digas aquela velha fábula
do velho lobo que matou o pobre do cordeiro
e que sem piedade lhe roeu as entranhas,
nunca contes, amor, nunca contes
que o lobo sou eu, a minha carne
e o pobre do cordeiro a estrela
que sempre tão bem conheceste
e que pelos campos te guiou — mal ou bem.

Depois, como calculas, já estou enjoado
desta maldita farsa.
Que não passa de histórias, fábulas, ou amores
tudo eu oiço, tudo zombe nos meus ouvidos
e me aconselham a fugir.

Sou um velho guerreiro já sem forças
para erguer a minha espada,
sou o velho piloto do barco
que a furia da tempestade afundou.

Nunca contes, amor, nunca contes
que eu também tenho alma, mas sem luz.

...Só quero estar só, com a minha sofridão, com o meu arrastar
com a minha cruz.

domingo, 4 de novembro de 2012

A noite na forma de mulher....

 

A noite na forma de mulher....

 A noite, envolvida nas formas de um corpo de mulher...
 vago e maravilhosamente voluptuoso,
mais parece um bailado erótico,
com o cenário imagináros dos astros juntos, mudos e quedos.
Estrelas que que afagam o seu corpo,
afagam também a sua boca,
deixemos que os estranhos caminhos da noite,
na sua cegueira e rectos como o destino,
fiquem suspensos, como se de uma nuvem se tratassem,
que sejam estes os caminhos dos poetas
que se esforçam para lhes decorarar o nome.
A noite, envolvida nas formas de um corpo de mulher!
Esconde a nossa vida no seio da estrela mais próxima
e fá-la bailar, assim como que por pura magia,
para se poder olhar a lua, como se sonâmbula fosse.

sábado, 3 de novembro de 2012

Secreto....





Secreto,

Sempre me achei secreto, escondido,
e secreto sei que me sentiste
quando...
me julgaste secreto, escondido.
Como me reconheço Impuro
quando
o silêncio nos envolve,
é como uma turba que nos esconde.
Mas a verdade é que sempre foi Dúbio o nosso desejo
quando
nada em nós, era transparente
o água que corria docemente pelos nossos corpos
precavidamente.
Fez com que o nosso querer se tornasse clandestino,
quando
o que sempre fomos, foi timidos e secretos,
A água correu pela nossa face suavemente.
Os nossos olhos ficaram claros e escuros

enquanto a superficie do espelho que olhavamos com receio
era lisa



 

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Aguardo...

 

 
Aguardo....

Aguardo a tua chegada
a tua chegada,
neste dia prateado, com a l...
uz da lua cheia.

Espraio o meu olhar pela noite
e vejo maravilhado a lua a crescer, a crescer...

Aguardo ansiosamente a tua chegada
como se aguarda a fadiga ou os cansaçosos de todas as chegadas...

Rasgarás as núvens que cobrem as ruasdensas,
Rasgarás vielas carregadas de bêbados.
Rasgarás mares, ribeiros e montanhas...
- O teu ser, a tua Alma não morre
aos horrores e às sombras!-

Por isso...,
Deixo-te a janela aberta
para poderes entrar,
o mar,
que se encontra perto, um pouco além,
sempre perigoso,
desenha com intensidade
grandes interrogações na areia molhada que banha...


Sonhos...

 
 


Sonhos ...

Caí sonolento, em profunda letargia ...
Adormeci, os meus sonhos i...
nvadiram-me ...
Adormeci num par de almofadas virgens ...
Estreadas em noites de sonhos ...
Sonhos bordados
Na cama de um hotel
Vidas entrelaçadas
Corpos cheios de suspiros em gemidos …
Entrelaçados dormimos
Mas os sonhos
Esses!
Adormeceram
Num par de almofadas virgens ...


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Aguardo...

 
 
Aguardo....

Aguardo que chegues
a tua chegada,
em dia sombrio de lua que não se vislumbra.
...

Espreito a noite escura
e contento-me a ver a lua a romper a escuridão...

Aguardo ansioso o momento em que chegarás
virás cansada, como cansados ficamos todos
com o cansaço de todas as chegadas...

As nuvens são de papel, mas densas
que tu aos poucos rasgarás
Rasgarás as ruas densas onde as nuvens se escondem,
Passarás por pequenas vielas, de gente já alegre
de bêbados que transforma o silêncio em grunhidos.
Passarás ribeiros, mares, e os relevos do horizonte...
- A tua alma jamais morrerá, com
os medos que as sombras espalham!

Mas...,
Vou deixar a janela do meu quarto aberta
para me poderes amar,
os ribeiros, o mar e os relevos da noite,
ficam lá longe,
e eu,
fico sempre na duvida,
enquanto faço desenhos do teu rosto
na imensidaõ desta areia molhada...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Aos Poucos...

 
Aos poucos...
    Aos poucos fui-me conhecendo
    por tudo o que perdia

    Aos poucos e poucos algo saiu de mim...
    tornou-se um mistério
    só soube o valor do que perdia
    quando todo eu estremecia

    deixei-me ficar encostado
    aos umbrais da vida
    e pensei no grande passo
    que nunca ousei dar

    em toda a minha vida, eu vi
    a árvore da vida morta
    e soube hoje
    soube que mentia

sábado, 1 de setembro de 2012

O que procuro....


 
O que procuro...

tanto que te desejei
tanto que nos quis ver enlaçados
escondidos pelo lusco-fusco do final do dia...
     
    mas a verdade é que não sabia o que queria:
    há horizontes nebulados, frios
    onde o vento sopra rijo

    já não consigo cheirar o mar
    já não cheiro a maresia das marés
    percorro o alto das encostas de lés a lés
    mas os descer as encostas, acabo por deixar
    que as doces ondas beijem o nosso andar.

    a nossa vida corre encoberta no sol-poente
    é assim que com tristeza, ficamos enleados
    entre os nossos medos
    de que o lusco-fusco cresça
    e que fiquemos perdidos no nosso amor

    não queremos perdão, nem o disfarçamos,
    deixamos vincar as nossas pegada
    na extensão da areia molhada,
    enquanto o lusco-fusco se vai apagando
    e a escuridão da noite cai
    por tudo isto, resisto
    não quero
    ficar perdido na noite contigo,
    acredita, não estou a ser sincero contigo
    o meu amor é uma mentira
    só sei fingir quando te espero,
    porque quero saber
    o que procuro.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sofria...



Sofria...

E sempre que sofria perdia
alguns pedaços das minhas entranhas
que se soltavam de mim
nunca compreendi este mistério
...
e do imenso valor que os mesmos tinham
quando dolorosamente os perdia
aos poucos, fui-me arrastando na vida
encostado a muitas portas
e pensava, pensava
porque nunca ousava dar o passo...
eu que já tanto tinha visto,
a imponência das árvores, dos animais livres
ai com toda a minha força vinda das entranhas feridas
disse finalmente
porquê tanta mentira....

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Não se esquece....


Não se esquece...

Não se esquece, o corpo de uma bailarina,
Não se esquece, o seu porte altivo, que sobressaie na cena,
Não se esquecem, os seus passos doces, graciosos, o seu olhar,
...
Não se esquecem, os gestos tão expressivo e a sua de face serena.

Não se esquece, como ela fixa, o olhar sereno
Não se esquece, o seu rodopiar constante, como um pião infantil,
Não se esquece, o final da sua dança, a sua graça o seu encanto,
Não se esquece, o seu equilíbrio quando termina.

Não tenho esta beleza na minha vida, nos meus atos,
Caio por vezes, quando a minha vida gira,
reflexo de uma harmonia frágil,
não fixo nenhum ponto no horizonte, incerto ou inexato.

Sei que se procurar o meu equilibrio dentro de mim,
irei manter-me sempre de pé,
enquanto algo em nós se perde, na invernia do tempo,
há sempre algo que em nós vibra, com a chegada do verão,

Oiço uma voz doce que me fala ao coração,
é ela que me diz que por vezez é preciso
admitir que o tal ponto, pode cair e bater no chão
para de novo dar vida ao ponto eterno, que procuro.

Sei que, um dia não longe, vou ver a bailarina girar
com o apoio único da sua própria essência.
Mas sei também que assim engano a aparência,
e que já não é meu aquele corpo que vejo girar.

Já não acredito no ponto imaginário,
Já não acredito no girar da vida, na bailarina. no tempo
sempre existirá algo eterno, por trás de qualquer cenário,
que vai estar de pé quando se fecharem as cortinas.
 

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sonhos...




Sonhos ...

Caí sonolento, em profunda letargia ...
Adormeci, os meus sonhos invadiram-me ...
Adormeci num par de almofadas virgens ...
... Estreadas em noites de sonhos ...
Sonhos bordados
Na cama de um hotel
Vidas entrelaçadas
Corpos cheios de suspiros em gemidos …
Entrelaçados dormimos
Mas os sonhos
Esses!
Adormeceram
Num par de almofadas virgens ...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Negra...



A negra....

De pés descalços, com gretas em aberto
Tendo a enxada na mão,
tirando da terra o sustento, que me mata a fome;
... vai a negra lá bem longe, carregada de suores
e que ondulando o seu corpo, leva a lenha na cabeça
porque a noite se aproxima, e faz frio
e o frio, o cacimbo, entranham-se nos meus ossos;
caminha a negra, com os pés gretados
sem nada, pobre
que vai vendendo panos, para me vestir,
chora enquanto caminha, chora em silêncio o meu nome;
sabem aquela negra pode ser a minha mãe.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

O Amor....




O amor.....
Será que o amor me condena?
Na sua demora em chegar
Ou mesmo quando chega sem anunciar.
O amor sabe que o tempo não me importa
... porque é através dele que ansiosamente te espero.

Já te esperava, mesmo antes de ter vida
e só tu é que fazes nascer a esperança de um novo dia.

Quando finalmente chegas
já me encontro envolvido em saudade
e as rosas que colhi
caiem,
para alegrar o chão que pisas.

Não mr sinto bem em lado algum
enquanto os ponteiros do relógio, marcam o tempo que te espero,
a água corre perto de mim, molho os lábios
para poder suavizar a tua sede, quando te vir.

As palavras que tinha para ti, estão velhas, cansadas,
olho a lua, ilusão a minha,
a noite, perde pouco a pouco a sua voz
na meduda em que me deseço de ti.

Olho para o teu vestido, que desliza, tomba
esfrego os olhos, não passa de uma nuvem.
Todo o teu ser se deita sobre mim,
É como o caudal de um rio, á procura,
de se tornar mar.


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Navego...



Navego...

Navego com os meus pensamentos, no meu tempo
como se de um barco se tratasse
com os meus pensamentos, subia lentamente o rio
... Não levava companhia, só pensamentos
nem mastreação tinha,
Acordo, estou ancorado em mim
Olho o que me rodeia, olho tudo
através de grandes janelas exorbitadas na margem
onde cintilam as luzes, que mais se assemelham
a paisagens lunares
o silêncio que me rodeia é assustador
é negro o seu perfil.
Mas que quero mais estou firmemente ancorado
nos meus pensamentos.
Livre dos coites que me rodeiam.

domingo, 24 de junho de 2012

Quero vaguear...



Quero vaguear...

Quando escrevo poesia, é como que vaguear
por tudo o que nos rodeia,

... Os caminhos por vezez são pequenos trilhos,
desencontrados com o relógio da minha igreja,
quando escrevo, torno-me um mar manso,
fico calmo, como o luar, que entra
no meu jardim nocturno,

ou num grande deserto, que não me atrevo a atravessar,
a miragem está perto de mim, fica perto do oásis da vida,
mas tenho o corpo cansado, sem forças para o alcançar.

Que não me digam para o atravessar
chegará um dia, a hora de retomar, o que deixei por acabar,
o rumo do que pretendo atingir, surgirá.
estou tranquilo,
a tempestade porque passo, não abala os meus sonhos de criança,
nem o meu palácio de ilusões,
a doçura que me invade, não pode ser regateada,
não nasci com a pena a crepitar.

Em toda a minha vida, nunca soube usar,
os sinais da bussola, mas é belo ver os ponteiros,
que se atraiem a caminho do norte.
Não me peçam nada. Nada.
Deixai-me com este meu dia, que nem sempre é dia,
com o anoitecer das ideias, que nem sempre se dão com a noite
Deixai-me só como a minha pena, escrever sem papel.

Sei qual é o meu caminho, sei que não o quero enfrentar.

Tu...



Tu...

ter-te suspensa no ardor
do ardor que brota
como fogo na minha boca,
... o ardor, a ansia,
prestes a explodir
tu
intacta nos meus pensamentos
nos meus sonhos,
és uma nuvem
com uma voz suave, clara,
soltas o teu apelo...
igual aos das aves que nos sobrevoam
quase em pânico,
na luz doce doce do teu olhar.

Faltam ideias...

Faltam ideias...

As ideias navegam no tempo
lentamente, como uma barcaça sob o rio
Sem marinheiros, sem mastros, só comigo como marinheiro.
... As ideias querem querem que as janelas
se abram no espaço, enormes
exorbitadas e com luz
onde a luz provoca as sombras de estranhas paisagens
o silêncio têm quase sempre um perfil negro.
É urgente parar a barcaça
Enquanto as ideias não voltam
A entrar pelas janelas que deixei abertas.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Amor...


O Amor?

O amor é aquele que nos condena:
que nos faz desesperar, com a sua longa espera
que nos faz desesperar, mesmo quando vêm antes do tempo.
...
Mas a verdade é que não é na espera do tempo
que eu aguardo por ti.

Já aguardava por ti, mesmo quando não sabia,
quando ainda nem vida tinha
e hoje és tu que abres a janela, por onde entram os dias.

Chegas tardio, mas chegas
só que eu, já não me sinto
sou uma saudade de mim prório
já não seguro as rosas do meu jardim!
caiem-me das mão, como se de um fardo se tratasse
ao cairem as petalas das mãos,
enchem de cor o chão que pisas.

Perdi a noção do lugar
em que ansiosamente te aguardei,
sempre com o sabor da água que brotou da tua boca
que com frescura sacia a sede do desejo.

Envelheci,
já não tenho palavras doces
Sabias que a palavra também envelhece?

Só me resta olhar a lua
e nela desenhar todo o meu ser
desejo que a lua tenha o formato da minha boca
e que no doce cair da noite, perco a voz
na medida em que me despeço de ti.

A túnica que te cobre,
escorrega pelo teu corpo sensual
como se fosse uma núvem construida nos meus sonhos.
O teu corpo doce, deita-se sobre o meu,
e deslizamos na imensidão da noite
este doce deslizar, torna-se um rio

na busca de se tornar um mar de imenso amor.

domingo, 17 de junho de 2012

É estranho...


É estranho....

Todo eu estou lânguido, á borda do meu pensamento
todo o meu corpo se encontra estiraçado ao pé do teu.

... O cigarro que rola impaciente nos meus dedos
liberta um fumo azulado.

O rádio... toca uma música suave...

A tua imagem esvoaça
em torno desse fumo, da brisa e da música...

Vou-me ausentado de tudo e de todos! é a minha doce fuga!

É estranho o que escrevo em pensamento
Como é estranha a poesia,
que durante horas, contorna a mágoa que vai em mim
as lágrimas correm suavemente, como o orvalho nas flores
mais parecem lágrimas, escorrendo sobre
os vidros duma janela de ilusões,

numa tarde suave, vaga...
que me envolve o pensamento

quinta-feira, 14 de junho de 2012



Se partir, voltarei....

Na minha velha casa onde dormia
está o meu berço
cheio de poeira húmida
das secas arvores que atraiem orvalhos
... tenho esta lembrança
de sonhos não cumpridos
No meu estreito regaço cheio de penas
a brisa com asas
sobrevoam a minha velha casa
donde não sei se alguma vez parti, ou se voltarei
asas a acenar
coloco o velho mastro de largada
e as velas ao sabor da brisa
faz-me sonhar acordado
tu serás sempre o meu destino
escuso de fugir ou de ficar
sem nunca haver partido.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Timido...



Timido...

Timido, sempre me achei
e timido é como tu me sentes
quando
... timido me julgas em pensamento,
Eu, timido me reconheço
quando
o silêncio entre nós se acentua
as nossas vozes tornam-se turvas.
Dúbio é o nosso desejo
quando
o mesmo não é transparente
a cama em que nos deitamos
timidamente.
Timidos somos
quando
a nossa timidez
esconde a face quando nos acariciamos.
Os nossos olhos tornam-se doces
quando
o horizonte está limpido como um espelho
é suave a nossa timidez.


Alberto David
Pinturas e Poemas II

terça-feira, 5 de junho de 2012

É leve...

É leve...

Leve é agua da ribeira
mesmo quando o inverno é frio.
Leve é o voo
dos pássaros que cantam ao amanhecer.
Leve se torna o meu sono
que me faz adormecer.
Enquanto as vagas levemente abordam o cais
leve é o balouçar da bruma que nos cobre
leve é a luz das estrelas que nos iluminam
enquanto fazemos amor
leve, muito de leve o peixe come o isco.
E a margem do cais, torna-se Ténue
aos olhos de quem nos espreita.
Mas uma coisa é certa, o amor que nos cansa e dilui
têm o condão de nos fazer felizes por dentro.

Alberto David

segunda-feira, 4 de junho de 2012




É urgente....

É urgente, é preciso partir!
o padeiro já não não fia,
a seca tornou a terra estéril,
... o frigorifico está vazio,
o gado está só com o esqueleto, minga e se fina!

È urgente partir!
A enxada enferruja com falta de uso,
o arado já não sulca a terra,
o nosso filho quer pão; a nossa casa é fria!
Não ouves as noticias!

É preciso emigrar!
O vento está doido sopra forte e sem nexo – vai levar a azeitona;
a chuva não deixa de cair
de noite e de dia vai inundar tudo;
e a lareira já não acende, o sitio da lenha está vazio,
o gado definha sem pasto,
é a morte que nos assola, só à frio por todo o lado,
só a morte, nos aguarda com este frio que nos assola,

Filho!
É preciso decidir, não houves as noticias!
o sino ja toca, Badalão, Badalão!
já anuncia a tua despedida.
Os juros não param de crescer;
o homem rico é como o dinheiro, não têm coração.
E as dividas, Filho?
Ninguém as perdoa – que mais temos para vender?
Foi-se o fio da minha querida mãe,
Foi-se os brincos da Tia,
foi-se tudo Filho!

A fome já nos espia, ronda o nosso gelado lar.
Para quê lutar,
Para que lutar, com a indiferença dos homens,
com a indiferença do céu,
com tudo o que nos rodeia,
com a morte, com a fome, com a terra,
com tudo! Eles os homens roubaram-nos tudo
Árida, árida a vida!

Filho, é preciso partir, ouve as noticias!
Emigra!
O Filho convencido partiu.
E a nossa casa,, ficou mais fria, desamparada, vazia.
Mas ele disse para Partir! 


Aguardo....

Aguardo que chegues
a tua chegada,
em dia sombrio de lua que não se vislumbra.

... Espreito a noite escura
e contento-me a ver a lua a romper a escuridão...

Aguardo ansioso o momento em que chegarás
virás cansada, como cansados ficamos todos
com o cansaço de todas as chegadas...

As nuvens são de papel, mas densas
que tu aos poucos rasgarás
Rasgarás as ruas densas onde as nuvens se escondem,
Passarás por pequenas vielas, de gente já alegre
de bêbados que transforma o silêncio em grunhidos.
Passarás ribeiros, mares, e os relevos do horizonte...
- A tua alma jamais morrerá, com
os medos que as sombras espalham ao teu redor!

Mas...,
Vou deixar a janela do meu quarto aberta
para me poderes amar,
os ribeiros, o mar e os relevos da noite,
ficam lá longe, serão testemunhas
e eu,
fico sempre na duvida,
enquanto faço desenhos do teu rosto
na imensidão desta areia molhada...


Alberto David

Escravos negros.....

Subimos e descemos os montes
trouxemos o povo sempre acorrentado,
como se de rebanhos se tratassem
os cantos relegiosos surgiam nas suas bocas
... e o padre-nosso bailava nos seus lábios já gretados
Subiram montes, montanhas
e para meu espanto eram negros,
grandes e medonhos
Vinham de montes distantes e nos seus lábios gretados
mas firmes
Diziam através dos seus lábios, a verdade que não se queria ouvir
As correntes tilintavam, como se fosse música
Vinham para lá dos montes.
De Missões que ficavam para além dos montes
Vinham de muito longe
Da África? De além mat, talvez dos Brasis, vinham de longe
Só não sei porque espetaram uma cruz pintada de branco
Uma cruz esguia, espetada no alto monte
erguia-se
Vinham acorrentados, para ouvir Sermões da Igreja
a comunhão era perto do vale, era geral
a procissão ouvia-se com o bater das correntes,
que não tinham sido tiradas
estava perto, estava na rua
olhava Cristo,
que estava bem pregado na cruz
protegia a pequena aldeia
Hosana!
A mossa Terra e as gentes trazidas de outros Mundos
ficaram santos nesse dia – Hosana!
Hoje, todos se envergonham daqueles olhares parados
no cimo do monte
- caminheiros forçados que atravessaram a serra,
viajantes sem destino
ttodos erguem o olhar para o Cristo pregado
- com um olhar imóvel e indiferente
daqueles que desceram e subiram os monte. acorrentados


Alberto David
 

Onde ficava o mundo?


Onde ficava o mundo?

Só pinhais, matos, charnecas e milho
para saciar a fome dos olhos.
Para lá da serra, o verde de outra serra e outra serra ainda.
E o mar? E a cidade? E os rios?
... Caminhos de pedra, sulcados, curtos e estreitos,
onde chiam carros de bois, quando trilham as poças que a chuva deixou.
Onde fica o mundo?
Nenhum de nós ousa pensar.
Mas vieram engenheiros e máquinas estranhas.
E em cada dia o povo abraçava um outro povo.
E hoje a terra tornou-se livre e fácil como o céu das aves
a estrada ficou branca e menina, é uma serpente ondulada
e nasce a sede da fuga
como a água dos rios a caminho do mar.



Alberto David
Pinturas e Poesias II

terça-feira, 29 de maio de 2012

O Amor!



O Amor,

 amor pode não ser puro
como tudo o que nos envolve
a luz, a água dos riosa
e tudo o mais quanto nasce e corre
e que vive para além do seu tempo.
...
O meu corpo é uma torrente impura,
o teu é só um raiar de luz
quando os dois se juntam,
os nossos corpos correm o Universo
quando se entrelaçam,
é como o despertar da Aurora
sózinhos na areia molhada,
aguardamos o escurecer do Universo
e só quando o desero das nossas emoçoes se tornarem escuras.
Eu saberei quanto sofro por não te abraçar
e que só deixarei de sofrer, quando de novo te entrelaçar
Abraçar-te é uma forma de não sofrer.
Tocar-te é uma forma de te amar
para que deixes o teu corpo deslizar, soltar-se
só assim o meu corpo renasce
quando se entrelaça no teu.

Respiro o mesmo ar que tu, respiro em ti
para nessa ansia de te respirar, possa sufocar
o luar surge em ti, e eu olho
com um olhar semicerrado, para não me deixar cegar,
tranforma o despontar do meu Sol, despido da Lua,
tornas-te a minha doce noite alvorecida.

Tu me delecias
e eu mesmo sem querer me converto na tua loucura.
Mordo com fervor os teus lábios,
os meus lábios procuram-te com fervor,
enquanto te envolves com a minha pele que te veste
e assim ficamos mais despidos.
Peço, para eu poder ser como tu
E na saudade do tempo perdido
esperamos, enquanto o luar nos olha.
Quero lá saber, deito-me ao teu lado, acaricio-te
Quando apenas queria dormir contigo.

E o sonho torana-se realidade
Quando esperava ser o meu sonho,
o sonho passou também a ser teu.

Como por magia, levito, voo transportando a semente,
para que te possa plantar
serás uma flor: com perfume de encantar
simples perfume,
procuro ansioso a pétala sem chão onde tombar.
Teus olhos procuram os meus
só que a minha vida, já sem leito,
vai galgando as ondas, que teimam em nos levar
para a torrente do mar.
Esse imenso mar que não podemos abraçar.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lá longe...


Lá longe...

Lá longe já se avista a forma do cais
neste tempo, os dias são frios.
Os voos dos passaros são lentos
os pássaros tornam-se cinzentos.
... Tranquilo, suave é o sono
que envolve o barco.
Enquanto navega em busca do cais
balouça ao furar a bruma
as estrelas caiem
sempre que um um peixe as morde.
Suave são as águas que me rodeiam
Ténue é o silêncio
aos nossos olhos.
Mas todos estes sentimentos
que se diluem no horizonte
Ficamos mais fortes por dentro.

Dias vazios...

Dias vazios...

Nem sempre os dias são vazios.
Por vezes são demasiado calmos,
de uma calmia doentia.
... os dia se tornam-se demasiados calmos,
os nossos membros tornam-se lassos, cansados
é um tipo de cansaço que não se entende
sem sabermos o porquê dessa magia
deixamo-nos envolver.

Dias vazios,
tornam-se implacáveis
é assim que o sinto...
na solidão que gravita no meu quarto nu
chega a ser trágico, doentio.

Perdido, este vagabundear dos meus olhos
sobre os livros fechados e decorados,
sobre as árvores roídas,
sobre as coisas quietas ...

É nesses dias vazios
é nessa altura
que a minha boca pálida, tenta alcançar a tua,
e sem que um ruído se oiça
os nossos corpos como que magia,
envolvem-se no magia do ópio que nos rodeia
esse ópio que dá o doce aos nossos corpos!

Um Poema...




Um Poema...

Hoje estou triste
talvez se deva a esta chuva intensa
que torna o dia triste e sombrio
... amortalhado
doente
A monotonia invade os meus pensamentos
devo estar doente.

Hoje é mais um dia....
(a caneta já não escreve, há muito que a tinta secou)

Por hoje o poema acaba aqui, no papel.
Mas cá dentro, onde a tristeza se instalou
Continua...

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sofria...


Sofria...

E sempre que sofria perdia
alguns pedaços das minhas entranhas
que se soltavam de mim
nunca compreendi este mistério
...
e do imenso valor que os mesmos tinham
quando dolorosamente os perdia

aos poucos, fui-me arrastando na vida
encostado a muitas portas
e pensava, pensava
porque nunca ousava dar o passo...
eu que já tanto tinha visto,

a imponência das árvores, dos animais livres

ai com toda a minha força vinda das entranhas feridas
disse finalmente

 porquê tanta mentira....

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Eternos ausentes....


Eternos ausentes...

De pé esperei enquanto uma lágrima corria ao sabor do vento
aos poucos suavizei as minhas recordações
no fundo de um copo que estava sempre vazio
... na alegria dos rostos dos camaradas que esvoaçavam
como se fossem aves portadoras de amizade ou de recordações
o rosto fechado, vincado, anónimo por vezes
era visivel, no meio deste palco da vida
palco enorme

A quem eu sempre chamei o barco da noite escura
que avançaçava deixando na sua rota
os lábios dos que nos queriam
e através de um perfil préviamente traçado,
deixava cada vez mais longe as mulheres com cruxifixos
e braços espirituais...
as mulher como se fossem estátuas, ficavam
com o seu ser envolto em chamas, e
com gritos silenciosos, como se os gritos pudessem
ser silenciosos, gravados nas suas pupilas.

Mulher, Mãe, Amante, que não veio como a noite prometera
numa enorme nuvem que pairava sob as nossas cabeças...
ai o meu coração coberto de cinza e de carne estropiada
chorou imensamente por saber que não podia voltar....

A amante que ficou só algures no cais
castigada pelo destino
afogava ao mesmo tempo o seu amor na caveira
deste inferno carnal e desesperante!...

os anos passaram,
mas tal como as vossas, Mães, Mulheres ou Amantes

Eu também não vos esqueci!...


Homenagem aos meus CAMARADAS mortos em combate em Angola!
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sábado, 12 de maio de 2012

Para ti Mulher!


Para ti Mulher

Foi a pensar em ti
que corri sob chuva intensa
Foi a pensar em ti
Que a terra brotou o seu perfume intenso
... Foi a pensar em Ti, que fiquei sem nada
porque o meu nada foi todo para ti

Foi a pensar em ti, que escrevi estas palavras
palavras que se tornaram em poesia
sei que me faltam palavras
enquanto com o cinzel, minuto a minuto te talhei
e o perfume brotava agora da pedra
sempre que o cinzel marcava o teu rosto

Foi a pensar em ti
que o meu cinzel te dava voz, por cada incisão minha
queria abrir os segredos do tempo
fora de mim, na ansia de encontrar
assaltei o mundo
pensando que segredo estava em nós
como me enganei
ao pensar que era dono de tudo
sem nada ter
talvez porque a noite caiu docemente
como só a noite sabe cair
não conseguiamos dormir
e ao descer docemente pelo teu rosto
eu não queria mais do que te encontrar
antes que a noite e a sua imensa escuridão
nos envolvesse
ficávamos parados no tempo, olhos nos olhos
como se fossemos um único corpo
amante numa vida só



domingo, 6 de maio de 2012

A todas as Mães....


No mais fundo de ti,
eu sei que trai, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos

Mas tu esqueceste muita coisa:
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu.
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha...queres ouvir-me?....
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
aibda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas... tu sabes... a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu.
Eu sai da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.



Eugénio de Andrade, in "Os Amantes Sem Dinheiro"


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Aos poucos.....

Aos poucos...

Aos poucos fui-me conhecendo
por tudo o que perdia
Aos poucos e poucos algo saiu de mim
tornou-se um mistério
só soube o valor do que perdia
quando eu estremecia

deixei-me ficar encostado
aos umbrais da vida
e pensei no grande passo
que nunca ousei dar

em toda a minha vida vi
a árvore da vida morta
e soube hoje
soube que mentia


  
(Falta o Quadro)

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Mulher....

Mulher....

Estarás sempre suspensa
no fogo
que brota da minha boca
... no ardume
prestes a explodir
tu mulher
que ardeste no meu sonho,
ficaste intacta...
tornaste-te um sonho,
uma nuvem no horizonte
A tua voz, lembra-me
um soltar
de andorinhas
que em pânico
sobrevoam na relva
do teu olhar

(Falta o Quadro)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Amar Abril...

Amar Abril...
O sol entra desenfreado dentro de ti
olho lá longe e só vejo terra, descubro o mar
remando pela encosta, encontro os rios da nossa terra
e não é que descubro, esse imenso Tejo em todo o teu ser.
Acredita, metade de mim pertence à terra, o restante ao mar que nos rodeia
levo os meus sonhos para os pastos distantes, e sonho
com as velas erguidas sobre a teu corpo
me recordam o pais de marinheiros que somos,
Sempre foste o secar da minha sede,
Tú és tudo, na minha vida, a minha comida, o vinho que entontece
O instrumento que toca belas Melodias
Melodias que como enlouquecidas, cantam Abril.

E na minha intensa procura,
cantava para quem me escutava, advinhando o dia
e quando este cantinho se engalanava com trajes de Abril
eu olhando para os teus olhos e perguntava atónito, quem eras.
Por te amar cheguei tão longe, estando aqui ao pé de ti
o chão que pisava era puro, era um chão cheio de ternura.
qaundo me beijaste, tudo ficou sereno
achei-te nesse dia em que o Pais cantava Abril

domingo, 22 de abril de 2012

Aguardo

Aguardo....

Aguardo a tua chegada
a tua chegada,
neste dia prateado, com a luz da lua cheia.

Espraio o meu olhar pela noite
e vejo maravilhado a lua a crescer, a crescer...

Aguardo ansiosamente a tua chegada
... como se aguarda a fadiga ou os cansaçosos de todas as chegadas...

Rasgarás as núvens que cobrem as ruasdensas,
Rasgarás vielas carregadas de bêbados.
Rasgarás mares, ribeiros e montanhas...
- O teu ser, a tua Alma não morre
aos horrores e às sombras!-

Por isso...,
Deixo-te a janela aberta
para poderes entrar,
o mar,
que se encontra perto, um pouco além,
sempre perigoso,
desenha com intensidade
grandes interrogações na areia molhada que banha...


(Falta o Quadro)

 

sábado, 21 de abril de 2012

Noite...

Noite ….
à noite em vez de dormires,
devias prestar atenção, escutar a chuva
a trovoada que ameaça romper
o ar que respiras, escutar,
o sabor da noite....
a trovoada e o ar que a envolve.
Tu devias escutar, descobrir
Para onde estão viradas as tempestades dominantes.
Toda essa tua esperança
... Ficará gravada na tua ardósia,
E num rompante que só tu consegues
E num repente a trovoada, ficará inerte aos teus pés.
Que ardam os teus altares de paixão,
E que o sol rompa deliberadamente
Fazendo com que a águia voe,
Tu só conseguirás avançar no baloiçar da corda bamba.

 
(Falta o quadro)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Com os meus poemas.......


 Com os meus poemas, dei-te voz
nas minhas mão o papel enrolava-se com o toque da pena húmida
enquanto eu na tentativa de ser poeta
abria devagar, muito devagar as parcelas do tempo
o meu pensamento febril assaltava o que me rodeava,
o mundo
e loucamente pensei que tudo fazia parte de nós
nessa ilusão de engano
de sermos donos de todo o Universo
sem deixarmos de ser uns pedintes, e nada termos
só potque a noite caia
e o sono não vinha
eu com suavidade descia pelo teu corpo
na tentativa de me encontrar
e antes que a noite caisse de todo, e a escuridão
nos envolvesse os corpos
olhava-te, nos olhos
tentando viver aquele pequeno momento
enrolado numa única vida

Alberto David
Pintura e Poemas II

(Falta o Quadro)

sábado, 14 de abril de 2012

O Beijo das Gaivotas


O Beijo das Gaivotas!

reunidas num amplo Congresso
As gaivotas fazem um grande escarcéu
Cobrem com o seu esvoaçar o azul do mar
Discutem sem parar,
... Fazem um escarcéu dos diabos com o bater das suas asas,
Uma vez por outra, trocam beijos ruidosos,

Nunca sabem de onde veio! (Meu não é decerto...)!
Talvez perdido no desejo?
De alguma gaivota jovem, cheia de amor que entendeu
Ter um Mandato de amor ou de desejo?

As gaivotas são uma ave estranha, mas com cores do amor:
Que no escarcéu das suas ases e voos rasantes, bate o seu coração
Bate a vida,
São corações que voam sem parar..

E por fim, com uma força imensa, tocam os seus bicos,
Como se de duas bocas loucas se juntassem!
Faz-me inveja, ver as gaivotas a beijarem-se......



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Simplesmente um POEMA!


Simplesmente Um Poema

Neste dia chuvoso, tudo é triste
como se amortalhado estivesse
Está doente este dia, numa monotomia dos
... dias que não acabam.

Neste dia chuvoso........
(Oh! a caneta caiu-me, borrou-me as mãos)

Neste dia chuvoso e doentio
O poema acabou no papel em que o escrevia...
Mas cá no fundo,
Muito cá dentro.mesmo cá dentro...
Persiste, continua...

Dificilmente o oiço!
Doi-me ouvir este balbuciar!
das almas que me rodeiam em silêncio!
(Falta o Quadro)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dança ao Luar




Dança ao Luar

é como deixarmo-nos levar,
esvoaçando

na suavidade do luar

... no luar crescente, sobe a nossa ilusão
com ele sobe a ilusão da felecidade


  No teu gesto
ainda que distraido
dá-me um não sei o quê

mas devem ser das plumas suaves,que
no vento da brisa amena sobrevoam
os nossos sonhos, como se fossem
pássaros sobrevoando os nossos sonhos na

  suavidade do luar crescente, as cores vibram
como se fizessem parte do nosso ser.

sábado, 24 de março de 2012

Mulher Negra


Para a mulher Negra

Que outros cantem o teu corpo
Que cantem aos ventos, que é feiticeiro
Que é sedutor,
... Que na sua volúpia,
se oiça os madrigais à tua dor.
Que cantem outros, os teus requebros
nos passos cadenciados de massemba
e da quilapanga,
No teu rosto, os teus olhos onde a noite brilha,
e o luar é doce,,
a tua boca, os teus beiços têm o sabor das frutas frescas.
Que os outros cantem aos ventos, os teus usos
Deixa que cantem,
as formas sensuais da tua raça.
Que não são mais que uma graça sensual,
sempre cheia de exotismo,
que só existe na tua raça.
Deixa que os homens e os poetas
cantem o teu corpo,

e fiquem infinidamente, a olhar
um corpo cheio de mistério e de feitiço...
Deixa que todos csntem o teu corpo
- que eu sempre cantarei o mais fundo do teu ser,
serás a minha amada,
como eu gostaria de saber cantar África.

quarta-feira, 7 de março de 2012


É PROIBIDO


É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
... Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

PABLO NERUDA

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A PARTIDA ....



A PARTIDA ...


Quando chegámos ao cimo do Madanelo, já a caminho da Guarda, pude ver, num derradeiro olhar, a aldeia com as casas de granito, semeadas entre as verduras dos castanheiros e dos pinheiros do vale. Estas casas de xisto e de gr...anito, – anagalhadas no vale entre os carvalhos velhos – enrugadas como os homens, são, na história escrita em cada uma das pedras, testemunhas silenciosas d...as penas daquelas gentes. Impassíveis, sofrem as inclemências do sol a queimar no estio e os frios dos ventos depois dos nevões nos prolongados Invernos. Assemelham-se algumas das gentes, que por ali se foram quedando e resistindo, aos penedos frios e velhos que também não têm sonho nem lamento. Passaram anos a ser mandados, viram nascer e morrer animais, árvores e homens. Naquele beco do mundo, onde a rotina há muito ganhou musgo, olhavam os que chegavam e os que partiam.
Senti um baque no peito e tive a real certeza de que a coisa era comigo, muito mais do que alguma vez pensara. Aqueles meses de preparação pareceram-me até divertidos. Os dias decorriam e eu era o centro das atenções. Muito tempo haveria agora de correr até que um dia eu ali pudesse voltar. Só Deus sabia se alguma vez ou nunca mais.
Mas a quantos isto aconteceu num tempo a que a memória há muito perdeu o rasto?
Quantos tiveram de partir em busca de terras distantes onde lhes fosse assegurado o futuro?
Não fui o primeiro nem o último. Só Deus sabe quantos, um dia, sentirão como eu a amargura da partida.
Durante mais de uma hora de viagem ninguém disse palavra. O nosso Tó conduzia as vacas e o carro em silêncio. Vigiavam os caminhos, os enormes pedregulhos que foram arredondados pelos séculos. Nem os eixos soavam. Contornámos a cidade e fomos directos para a estação.

in - O CAÇADOR DE BRUMAS
I Parte - Por esta vida acima

sábado, 21 de janeiro de 2012

Mulher Africana




Mulher Africana

Lindas meninas de cor negra
Com a tradicional vestimenta colorida
Com as suas tranças cobertas por lenços de encantar
Lindas, todas torneadas e pintadas de preto
São filhas desse enorme continente

Filhas de uma Nação que foi abandonada depois de roubada

África que todos os dias nos dás novos sons
Que a todos encanta e nofaz dançar
Com cores sem fim

Todas as Nações gingam ao sabor dos teus sons
Africanos pintados de preto, tornam-se belos como toda a Angola
E eu com a minha poesia, não te esqueço
E só te quero ver a gingar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

DESAFIO

Pinturas e Poemas já não me pertence, saiu de casa.

Passou a ser pertença de quem o saiba acarinhar e criticar, mas como a vida continua, vou tentar a ousadia de criar um segundo Livro, talvez com o seguinte título:
Pinturas, Histórias e Poemas, vai ser um novo desafio que espero que não fique no papel, conto como sempre, com os verdadeiros Amigos, que ao longo do seu caminhar, irão fazer as critias e os ajustes devidos, não ouso ser Pintor nem Escritor, e muito menos romancista, este foi e será. um modo de vida que encontrei para me distrair e cultivar.
-
Todos os poemas não são só feitos de letras, que o poeta com ardor escrevinha no papel, mas o verdadeiro poema, esse está sempre nas folhas que ficarão em branco. Quando se pinta, é como se o artista escrevesse uma poesia, que se acompanha, e que se vê no horizonte da sua criação. quando se contam histórias é como se fosse reviver o passado