Powered By Blogger

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Homenagem ao meu Pai.


O 5 de Outubro era o dia mais feliz do meu saudoso Pai.

 Republicano dos sete costados, lutador indomável, que dedicou toda a sua vida aos ideais da República, preso vezes sem conta, correu quase todas as prisões políticas do antigo regime das quais algumas vezes se evadiu com outros presos políticos, conheceu como não podia deixar de ser a amargura da deportação para terras de África, entre elas o Tarrafal.

 No dia 5 de Outubro era certo e sabido que a minha querida mãe recebia uma prenda e quando nascia a madrugada estalavam os primeiros foguetes lançados pelo José David.

Depois durante o Estado Novo o hábito repetia-se mas fugia para o mais longe possível pois a PIDE não tardaria a procura-lo. Ao almoço a minha mãe, esmerava-se como sempre, o bacalhau e o leite-creme faziam sempre parte da ementa, nunca se sabía se o convidado principal vinha almoçar. Tempos difíceis mas ao mesmo tempo belos os Homens lutavam pelos seus ideais.

Foi também o 5 de Outubro uma data escolhida para fazer história na nossa família. Foi o dia em que a Rita, a minha filha mais velha casou, faz precisamente oito anos. Foi uma maneira carinhosa e bonita de homenagear o Avô. A outra a Ana, mais nova vai homenageando na medida em que ao lembrar-se do seu querido Avô o faz com adorável carinho.

- Para ti, Pai, estejas onde estiveres desejo que descanses das Guerras travadas.

Este Povo não mereceu os sacrifícios que travaste, mas o teu Filho jamais te esquecerá.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Quem me dera ser Poeta


COMO EU GOSTARIA DE SER POETA


Como eu gostaria de ser poeta
Não pássaro somente…
E cantar apenas para ti, amor.

Na alvorada de cada novo dia
Acordar-te com o meu trinar
Inconfundível, desafinado, talvez.
Pela noite voando baixinho,
Muito ao de leve, deixar-te um beijo.

Beijo que te acompanharia,
Tal como eu… se fizesse parte do teu sonhar.
Trinando ao teu ouvido…,
De modo que ouvisses suavemente
O que te queria dizer.
Juntando belas e encantadoras palavras,
Que muito gostaria de as conseguir escrever.
Mas sendo pássaro…
Sei apenas trinar, não escrever.

Mas se tal acontecesse
Perceberias melhor como te quero…
Esvoaçando dentro de ti,
Perfumando os teus cabelos
E fixando teu doce olhar…
Gostaria de não ser pássaro somente
Para te erguer com as minhas forças frágeis.

sábado, 4 de dezembro de 2010

No meu Caminho

No meu Caminho


Existem espinhos no caminho de todos.

Mas noutros há flores a valer:
Cravos, papoilas, violetas...
Rosas com espinhos
E dos piores é preciso cuidado ter.

No longo percurso rodeia-nos a Natureza
No coração conjuga-se o verbo amar!
Cardos dão também flores
E preciso dos picos cuidado ter,
Quando desabrocham em cada qual.

Mas em contraponto há primaveras
Preciosas e belas para a passarada.
Que no Outono fazem debandada.

Quando o paladar das saborosas uvas
Que se transformam em vinho delicioso,
E em cada leito com lençóis bordados,
Se refrescam memórias de brisas variadas
Dando, então para acreditar
Que flores também há em cada caminhar,
Das sem espinhos... e de vez em quando.
!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Como eu gostaria...



"Como eu gostaria, de ser poeta na tua voz,"
Acariciar os teus seios como ninguém.
Só para te dar um beijo e fazer parte dos teus sonhos.
Como eu gostaria, dizer-te palavras bonitas
Que ainda não tenham sido ditas ou escritas
E de não ser em ti apenas existência.
Adoraria acariciar-te pela noite dentro
E pintar-te... é em mim um forte desejo
Gostaria também que soubesses que te quero para mim
Deslizando minhas mãos pelo ondulado do teu cabelo,
Entrar no teu olhar profundo..., beijar os teus olhos.
Sendo tudo para ti, como tu para mim
Esperando que me amasses até ao pôr-do-sol
Tendo teu mundo entranhado no meu ser.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Mar


    
Mar que se agita, com toda a força das suas entranhas:
A espuma que o envolve e aflui
Mostra toda a sua bravura
Como se fosse a baba de sua eterna dor...

Gostava de descer às suas profundezas,
Sem escafandro,
Deslizando, suavemente na sua profundeza,
Doce e ao mesmo tempo
Bravia.

Deslizando, sempre, com passos cadenciados
Contaria tais passos,
Em conjunto com a cadência do meu ser,
Procurando pacientemente os meus desejos.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pescar...em sonho


PESCAR…EM SONHO

Nestas águas calmas,
Onde a luz ainda não chegou
Água sem luz, sem vida é que eu tento pescar,
Em sonho de memórias.

Vou pescando nesses mares obscuros
Com as minhas redes, remendadas,
Empurrando a minha canoa com o varapau
Dos meus antepassados.
Os meus sonhos de liberdade
Tornam-se realidade
Fazendo parte de mim.

Aqui o meu desejo de liberdade
Foge à escravidão em que muito vivi.

Escravidão considero viver em bairros
 Onde a luz não entra…
Onde a procura da côdea para comer é necessário
Escravidão é viver sem luz,
 em bairros escuros.
Mas onde agora pesco, neste mar calmo,
Escravidão não existe... a verdadeira!
Aqui onde os meus desejos se tornam mais livres
E a cor da nossa pele se confunde
Com as ondas do mar, sem luz.

Pesco um pouco aos trambolhões
Nesta canoa feita de pau escuro.
É como se fosse o meu bairro
Cheio de toda a mística e terror, envolventes
Abraçado aos fantasmas do passado.
Lá nesse mar... a noite era escura.