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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Faz hoje 40 anos que casamos!

 

Quarenta anos....

Temos visto o tempo passar,
nestas longas primaveras,
nem sempre trocamos caricias e desejos
... mas as nossas noites foram sempre uma.
A lua, é nossa testemunha,viu-nos...
Radiantes, e rabujentos...
sonolentos acordamos...
E pergunto sempre porque me desejaste tanto?
-Amar, era um forte desejo, sempre o desejamos
ainda de que diferentes maneiras,
sei que era o mais feliz dos teus sonhos, acordares e ouvir a palavra,
Amo-te...
-Mas acredita que esse teu jardim que representas, tem um dono
Que te ama e respeita há quarenta anos.
As nossas almas entrelaçam-se, com os nossos desejos,
Esses desejos de nos termos, não congelaram,
nas invernias porque passámos
Quando é preciso olhar-te, nesses teus olhos,
-Que pecados devo ter carregado, por não ter sabido amar mais,
Por não saber beijar melhor os teus lábios.
Nunca deixei de pensar
e agora é que acordei, ainda que tarde, não te esquecerei...
Porque o teu perfume está dentro de mim
Nas minhas veias,perfumando lentamente a nossa existência
Agora sei que te amei, durante todo este tempo, quarenta anos...
Agora que é uma realidade, que te entendo...
entendo e por isso desejaria congelar, todo este tempo
O tempo, para te poder amar
até ao fim dos nossos dias,sem que te ponha em risco
nem fazer-te algum mal,
nem sequer em pensamento...
Quarenta anos, parecem uma eternidade,
mas não passam de uma pequena volta ao jardim
Dos nossos sonhos.

Pintura e Poemas III

sábado, 26 de janeiro de 2013

Mulher...

 

 
Mulher....

Estarás sempre suspensa
no fogo
que brota da minha boca
... no ardume
prestes a explodir
tu mulher
que ardeste no meu sonho,
ficaste intacta...
tornaste-te um sonho,
uma nuvem no horizonte
A tua voz, lembra-me
um soltar
de andorinhas
que em pânico
sobrevoam na relva
do teu olhar
 
 
 
 
Quando escrevo...

Quando escrevo poesia, é como se a minha vida
errante corresse pelo mundo que me rodeia,

... Queria que a minha poesia
percorresse os caminhos do mundo,
sempre desencontrada como desencontradas são,
as horas do relógio velho da minha aldeia,
será que o mar é calmo? Como o luar...
neste jardim que percorro, terá horas certas?

Será que os desertos, ao lerem a minha poesia
não se vão modificar?
Será uma miragem quando julgo estar perto de um oásis,
Será que os meus pés estropiados, fatigados...
terão forças para me levar bem longe.

Não me peçam, com ar de quem tudo sabe
qual o meu rumo e o tempo de o atingir,
escrever poesia,
é algo não se têm na mão, não se profetiza
escrever poesia
é como abalar o mundo com uma tempestade de palavras,
escrever é para aqueles que nada têm que fazer,
escrever é como um clamor que nasce com o sangue a crepitar.

Nem sempre os ponteiros da minha bússola atinaram com o norte.
Por isso não me liguem. Deixai-me só.
Deixai-me só com os meus medos, pois o dia nem sempre é dia,
deixai-me só com a noite, que como o dia, nem sempre é noite
com a minha loucura, com a minha escrita.

Ainda não conheço os meus caminhos de cor.

Um poema....


 
Um Poema...

Hoje estou triste
talvez se deva a esta chuva intensa
que torna o dia triste e sombrio
... amortalhado
doente
A monotonia invade os meus pensamentos
devo estar doente.

Hoje é mais um dia....
(a caneta já não escreve, há muito que a tinta secou)

Por hoje o poema acaba aqui, no papel.
Mas cá dentro, onde a tristeza se instalou
Continua...

Onde fica o nosso Mundo?

 

Onde fica o nosso Mundo?

Pergunto, onde ficará o nosso mundo?
Só encontro flore...stas, matas, charnecas e plantações de milho
para saciar a fome dos meus olhos.
Para lá da Floresta, o verde de outra floresta e outra floresta ainda.
E na minha ingenuidade pergunto?
Onde ficam os mares? Os rios? E as cidades?
Caminhos pequenos e estreitos, cheios de grossas pedras,
onde se ouvem os carros de bois mansos a chiar mansamente
e há enormes poças, que a chuva encheu.
Pergunto, onde fica o nosso mundo?
Nenhum de nós sabe.
Mas lá longe viam-se, máquinas estranhas
acompanhadas de engenheiros.
E sempre que o dia nascia
Os povos abraçavam outros povos.
E no dia de hoje pergunto? A terra é livre e fácil?
como o céu é para as aves:
a estrada, mais parecida com uma serpente ondulada
é branca e menina
e dela que nasce a sede de emigrar
como emigram as águas dum rio.

 


Nesta tarde...

Estico o corpo pelos lençois enrolados, estiraçado,
com o corpo lânguido, ao longo do leito.
Um azulado vago corre pelos meus dedos,
... é o fumo do cigarro.

O velho rádio. Toca uma música morna...
Tu esvoaças no meu pensamento
em volta do fumo do cigarro, do ar que respiro...
Fico ausente! Como se de uma doce fuga se tratasse!

É estranha esta coisa, a que chamam poesia,
que vai espalhando mágoa com o decorrer do tempo.
É como um simples orvalho de lágrimas limpidas,
que lentamente escorre pelos vidros da minha janela,
nesta tarde vazia, vaga...

O Amor...

 
O amor...
 
Somos condenados quando amamos:
longas são as esperas
mesmo quando o amor está perto de nós.
Não é neste tempo real, que espero por ti.

Já te esperava, antes de teres nascido
Só tu é que fazes os dias clarear, só tu.

Quando por fim chegas
encontras-me a arder de saudades
o ramo de flores que tinha para ti
há muito que me cairam das mãos
é a única forma de pintar o chão, que pisas.

Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta molhar os lábios, no orvalho da noite
para que não sintas a sede que vai em mim.

Já não tenho palavras, envelheceram com a espera,
aproxima-se a noite
e com ela os teus lábios ficam mais perto
e quando finalmente já é noite,
começo lentamente a despir-me, sem me aproximar de ti.

O que vestes, caie, tomba nesta noite
em que só existe a lua.
Deitas-te, enrolando o teu corpo no meu,
e aos poucos os nossos desejos, criam um rio,
que aos poucos se tornam um mar imenso,
de desejos satisfeitos.
 
Morrer de Amor...

Quem me dera morrer no meu tempo certo
ao fim de um certo tem...po
torna-se uma rosa do deserto
com raizes enterradas no vento.

Qual será o valor dos meus versos
que falam do meu amor?
Nem sempre o meu espaço me chega
pois os meus versos são trágicamente maiores.

Morrer de amor será sempre assim
é como todas as causas perdidas.
Sei o que digo, e falo só por mim,
morrerei cheio de esperança, cheio de vida.

De longe digo-te adeus, vou sem saber,
que os poemas que te escrevi
nunca os poderás ler, só soube agora
que nunca te ensinaram a ler.

Neste dia em que tudo se enquadra
no tempo que está a passar,
acabo esta simples quadra
feita a pensar em ti.

Aguardo

 
Aguardo....

Aguardo que chegues
a tua chegada,
em dia sombrio de lua que não se vislumbra.
...
Espreito a noite escura
e contento-me a ver a lua a romper a escuridão...

Aguardo ansioso o momento em que chegarás
virás cansada, como cansados ficamos todos
com o cansaço de todas as chegadas...

As nuvens são de papel, mas densas
que tu aos poucos rasgarás
Rasgarás as ruas densas onde as nuvens se escondem,
Passarás por pequenas vielas, de gente já alegre
de bêbados que transforma o silêncio em grunhidos.
Passarás ribeiros, mares, e os relevos do horizonte...
- A tua alma jamais morrerá, com
os medos que as sombras espalham!

Mas...
Vou deixar a janela do meu quarto aberta
para me poderes amar,
os ribeiros, o mar e os relevos da noite,
ficam lá longe,
e eu,
fico sempre na duvida,
enquanto faço desenhos do teu rosto
na imensidaõ desta areia molhada...

Noite

 
Noite ….
à noite em vez de dormires,
devias prestar atenção, escutar a chuva
a trovoada que ameaça romper
o ar que respiras, escutar,
...
o sabor da noite....
a trovoada e o ar que a envolve.
Tu devias escutar, descobrir
Para onde estão viradas as tempestades dominantes.

Toda essa tua esperança
Ficará gravada na tua ardósia,
E num rompante que só tu consegues
E num repente a trovoada, ficará inerte aos teus pés.

Que ardam os teus altares de paixão,
E que o sol rompa deliberadamente
Fazendo com que a águia voe,
Tu só conseguirás avançar no baloiçar da corda bamba.

A Vida...

 
A vida...
Olho as Minhas mãos
- mais se parecem com as luzes débeis da rua
encontram-se unidas, seguem o mesmo destino.

... Olho as Minhas mãos
como olho uma vela a derreter-se
escorregam delas, gotas de suor frio,
caiem lentamente,
o meu corpo, frio encontra-se hirto
como se tratasse de uma vela moribunda.
Que escorre uma um suor frio,
lentamente,
no silêncio falso, mas denso
da luz mortiça do meu quarto.

E a sebenta confusa com sinais que já esqueci,
torna-se inútil,
está, mesmo aberta na minha frente.

E todos lá fora,
que me esperam
e desesperam,
por estas folhas inúteis
desta maldita sebenta,
que não é mais do que um livro de Filosofia.

E as horas caiem, ao compasso da noite fria
as horas também morrem,
como todas as velas morrem, derretendo-se
neste sombrio quarto frio
a cheirar a morto.

Ai! minhas pobres mãos, minhas mãos
- duas pequenas luzes débeis de vela
unidas no mesmo destino!

- Que horas marcarão os ponteiros da capela?

A vida
é como uma vela,
que se derrete,
no silêncio falso mas denso
da luz mortiça do meu quarto frio.

Um Poema

 
Um Poema...

Hoje estou triste
talvez se deva a estes incompetentes que nos governam
que torna o dia triste e sombrio
... amortalhado, doente

A monotonia invade os meus pensamentos
devo estar doente.

Hoje é mais um dia....
(a caneta já não escreve, há muito que a tinta secou)

Por hoje o poema acaba aqui, no papel.
Mas cá dentro, onde a tristeza se instalou
Continua...

Mágoa

 

Mágoa...

Por favor, hoje não me digam nada.
Não abram a mágoa existente em mim,...
esta dor que me devora
que para mim é desconhecida, não sei donde vem
e o que me pretende dizer.
É simplesmente uma mágoa.
Quem sabe senão é começo de amor.
Quem sabe, talvez a dor conjugada com a euforia
de ter vindo ao mundo.
Pode ser que seja tudo isso, ou quem sabe nada disso.
Mas quem sou eu para o afirmar.
As palavras um dia irão revelar-me tudo.
E eu aguardo outro dia, pois quero saber o porquê desta dor.

Timido....

 

Timido...

Timido, sempre me achei
e timido é como tu me sentes
quando
... timido me julgas em pensamento,
Eu, timido me reconheço
quando
o silêncio entre nós se acentua
as nossas vozes tornam-se turvas.
Dúbio é o nosso desejo
quando
o mesmo não é transparente
a cama em que nos deitamos
timidamente.
Timidos somos
quando
a nossa timidez
esconde a face quando nos acariciamos.
Os nossos olhos tornam-se doces
quando
o horizonte está limpido como um espelho
é suave a nossa timidez.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Homem...

 
O Homem...

É triste o homem estar preso,
que sinta o corpo inerte, envolvido
por um cortinado já velho e sujo,
mais cinzento que branco, a
marca-lhe os limites do seu pensar.

O homem só, é Pobre,
É frágil e ao mesmo tempo oscilante,
torna-se num espelho que não reflete,
todo o cinzento que o rodeia
não pensa e não sente.

Infeliz é o homem que acredita
que o seu ser é um rio e não uma nascente,
onde toda a cinza que o rodeia desemboca
e o luminoso das suas ideias não iluminam
não germinam, não criam o brilho.

E neste cinzento de ideias, aparece o Colorido,
sentindo ao contrário de sentir,
pensado ao contrário de pensar,
já não têm forças, nem ousa imaginar
que o cortinado que o envolve, é a sua muralha,
mas o cortinado é fraco e efemero.

Quem de vós ousa dizer ao homem
que há sempre uma luz atrás da cortina?

Nunca! contesta, de pronto,
o homem preso num cortinado sujo, acizentado
que por vezes têm ganas em defender,
a sua vida inerte. E cinzenta

Não! Com ele em uníssono
está também uma multidão cinzenta,
quase patética, padronizada,
para quem bradar se torna mais fácil que escolher.

Respondem, bradam e viram as costas
para que o pensamento morra por trás da cortina,
e preferem lutar entre si por migalhas
e trocam entre si sentimentos
sombrios e cinzentos.

Felizes são os homens despertos,
que nada devem à opinião da humanidade
por muitos homens cinzentos que existam,
a luz e a cor da Vida, voltará
rompendo todos os limites do pensamento,
rasgando todas as cortinas que nos envolvem

É de dar Graças ao Universo que nos rodeia,
porque ainda existem, muitos homens despertos,
e nem tudo nesta vida é cinzento, e nada está perdido.
Se continuarmos a sonhar!

Hoje será o fim....

 

Hoje, será o fim!

Hoje
nem este falso silêncio que envolve
os meus gestos perdidos
debruçados
sobre os meus braços nus
e enregelados!

Nem a lua, que espalha um cenário já velho,
escuto
a minha doce prisão de viver
a lição que eu escutava quando era Menino:
- Menino! Têm sempre acesa uma vela na tua vida,
pois o resto, o sol, a luz e o ar
são perfumes extraidos do pecado.
-Tem longos e tentadores braços – o dia!

- Menino! Envolve-te no meu regaço
pois não te esqueças, que teus pés
são feitos de pedaços de barro e cansaço!

(Era sempre esta a voz grossa que eu ouvia no escuro
pintado cores belas
na máscara de papelão que tinha no quarto).

Eram vagas, inúteis e magoadas as noites da minha rua...
Noites de lua
que mais me lembravam as correntes que serviam de amarra
na minha vida parada.

- Amanhã,
irás ver os mestres, a escola, os mestres, os amigos e os livros
e o espectáculo da morgue
morando durante dias
nos teus sentidos distanciados.

Amanhã,
será o ultrapassar da curva, que se vê ao longe
no caminho que te está destinado.

(Era sempre esta a voz grossa que eu ouvia no escuro
que acendia a vela, e que na sombra do seu regaço velava
as noites da que enchiam a minha rua e a minha vida
pintava-se sempre de belas cores
na máscara de papelão que tinha no meu quarto).
 
Hoje,
será o fim!

Hoje,
penso na sombra do que há-de vir,
não quero saber dos meus mestres, nem dos meus amigos, muito menos dos livros,
nem tão pouco da fragilidade dos meus pés
feitos deste pedaços de barro e cansaço!
Tenho com uma certa teimosia as minhas revoltas,
todos os meus gestos estão a meio
as minhas palavras estão sufocadas
á espera da sua hora de viver e amar!

Hoje,
nem um cadáver a sorrir na pedra fria,
nem as mãos que ansiosas esperaram,
arrepiadas
no seu medo de findar!

Hoje,
esta noite será sempre a mais bela!


Enganar a Vida!

 



Enganar a Vida

Enganar a vida, é esquecer os dias que passam.
Que importa que h...oje seja um dia triste,
uma arvore caida, areias, raízes,
ou uma asa de anjo a sobrevoar
caída numa fogueira.
O navio que lá longe passou a barra
esqueceu, já tão pouco se lembra do nome da barra.
Tu que o olhaste no profundo,
das suas revoltas águas que ele há-de sulcar
e nas gentes que o esperam em diversos portos.
Hoje, um rio corre nos teus olhos
e dos teus olhos limpas todos os limos e morcegos.
Ah, mas acredita que a tua vitória,
está em acreditares que não é hoje o teu fim
e que há outras certezas, firmes e belas,
que nem os olhos, que por mais vesgos que sejam
te podem negar.
Hoje é um dia alegre, Hoje é dia de amanhã.

O amanhã!

 



O amanhã!

Tudo nos leva na nossa vida, a esquecer o dia em que vivemos.
Não nos... importamos que o dia de hoje, seja uma coisa triste,
uma arvore, pedras, raízes estranhas,
ou talves as asas de um anjo
caídas num braseiro intenso.
Lá longe, no mar, passa um navio para além da barra
e acredita que nem reparou nela.
Tu que olhas a imensidão das águas que ele pacientemente há-de sulcar
e nas pessoas estranhas, que o esperam quando ao porto chegar.
Hoje, olha o espelho, vê o rio que te corre dos olhos
e desses tristes olhos entreabertos, arrancas a tua tristeza.
Ah, a tua vitória estará sempre em saber, que o fim não é hoje
e que existem certezas, firmes e belas,
que nem os olhos sangrando lágrimas salgadas
podem negar, que
Hoje, será sempre o inicio do dia de amanhã.

As Tuas Mãos

 

AS TUAS MÃOS

Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
... Por que se detiveram

em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera ,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Roseira com espinhos...

 
Porque não fazemos das pequenas coisas
um poema.
Uma roseira de espinhos aguçados,está firme,
... mas com as suas rosas murchas, folhas desprezadas.

Mas quando um poeta, poda as pontas mortas, é como se a erguesse,
sopra-lhe docemente através dos dedos,
e a roseira volta a empertigar-se,como renovada.
Não me digas, que não sabias este segredo,
perdes pois a vaidade que te enche, e olha ao teu redor
Fora da tua vaidade há um mundo
e nesse mundo existe tudo aquilo
que jamais em ti caberia.

Olha com firmeza, mas com doçura
E vê que até o barro é composto de poesia!
Olha, mas olha sempre as coisas com humildade,
Não esqueças.

Eternos ausentes...

 


Eternos ausentes...

De pé esperei enquanto uma lágrima corria ao sabor do vento
aos poucos suavizei as minhas recordações
no fundo de um copo que estava sempre vazio
...

... na alegria dos rostos dos camaradas que esvoaçavam
como se fossem aves portadoras de amizade ou de recordações
o rosto fechado, vincado, anónimo por vezes
era visivel, no meio deste palco da vida
palco enorme

A quem eu sempre chamei o barco da noite escura
que avançaçava deixando na sua rota
os lábios dos que nos queriam
e através de um perfil préviamente traçado,
deixava cada vez mais longe as mulheres com cruxifixos
e braços espirituais...
as mulher como se fossem estátuas, ficavam
com o seu ser envolto em chamas, e
com gritos silenciosos, como se os gritos pudessem
ser silenciosos, gravados nas suas pupilas.

Mulher, Mãe, Amante, que não veio como a noite prometera
numa enorme nuvem que pairava sob as nossas cabeças...
ai o meu coração coberto de cinza e de carne estropiada
chorou imensamente por saber que não podia voltar....

A amante que ficou só algures no cais
castigada pelo destino
afogava ao mesmo tempo o seu amor na caveira
deste inferno carnal e desesperante!...

os anos passaram,
mas tal como as vossas, Mães, Mulheres ou Amantes

Eu também não vos esqueci!...

A minha Mãe...

 
A minha mãe

Este é o retrato da minha mãe
Uma mullher sempre, com brilho no olhar,
firme como uma rocha,
... passos suaves, mas com uma voz forte,
desafiou tempos dificeis,
a si mesma desafiou as amarguras da vida,
nunca parou, chorou, mas não se deteve...
Foi uma mulher que no meio da solidão,
na fraca mesa ou na fartura,
dividiu sempre o que sempre conquistou.
Uma mulher
que passou por cima de todos os sacrificios
que passou sempre os seus medos,
caminhou por caminhos turturosos,
enfrentou a resistência dos movimentos
dos que tinham um ideal,
dos que tinham uma meta, dos que tinham coragem...
Esta mulher saltou rios, atravessou montanhas,
percorreu caminhos feitos de pedras aguçadas,
chorou no silêncio da noite, sozinha, acreditou,
mesmo quando todos lhe afirmavam
que o mundo ia desabar sobre ela.
Esta mulher
foi minha mãe!
Ela enfrentou os sinais que estavam no caminho,
que apontavam para a desgraça, para o fracasso,
sofreu, mas viveu,
Como viverá sempre,
em tudo em que tocou, na obra que deixou,
porque deixou muito mais
para que eu siga em frente do que siga para trás.

É Natal

 


Então é Natal

Então é Natal
Festa de amor, fartura e alegria
Famílias reunidas em uma mesa colorida
... Crianças, brinquedos e muita folia.

Então é Natal
Festa que da outra parte da vida é dura
Onde pais e crianças dormem nas ruas
Com fome, pois não tem o que comer.

Então é Natal
Árvores lindas e enfeitadas
Na chaminé meias empenduradas
Em baixo da árvore os presentes que papai Noel deu.

Então é natal
Criança da rua pedi uma casa ou comida
Talvez um colchão, um cobertor, uma dormida,
Talvez um brinquedo ou o direito de um bem viver.

Então é Natal
Peru, roupas, músicas, Vídeo game,
Bonecas, blusas, taças, tênis,
Vida confortável e vinho para beber.

Então é Natal
Menino chora com dor na barriga
Também coitado a mais de três dias ela está vazia
E na noite fria ele começa a gemer.

Então é Natal
Pessoas indo ao shopping comprar
Vê esse pobre menino de rua chorar
Fazem pouco caso e nem procuram ajudar.

Então é Natal
Amanheci o dia com uma pobre mãe estérica á gritar
Pedindo socorro, por favor, vem alguém ajudar
Em seus braços presencia seu menino de fome morrer

Então é esse Natal que ninguém procura ver
Pois aqui é apenas um conto, mas em algum lugar isso deve estar a acontecer.

-
 

 Amigos poetas::::::
Aqui vocês presenciam os dois lados da vida, um lado onde há alegria, comida, um lar aconchegante, um Natal feliz; do outro lado á fome, crianças e familias nas ruas sem ter o que comer:::::
Amigos poetas que todos vocês tenha um ótimo Natal, com muitas felicidades, saúde e um próspero Ano Novo.
Mais por favor não se esqueçam de fazer a sua doação, pois um prato de comida sacia uma fome, e um cobertor mata o frio, colaborem como podem e neste Natal é essencial...para que todos sejam felizes!!!


Utopia...

 
Utopia....

Cai a noite, silenciosamente,
sem manchas no seu manto estrelado,
e sem carregar qualquer culpa.
...
Será que cairam as máscaras aos Homens,
Será que Os homens as tiraram, ou Cairam?
Os Homens sempre foram bons actores.

Acabou o espectáculo. Tudo o que fia é puro arrabalde.

Lá longe no alto do monte, a lua já velhota,
utópica talvez, vela encostada a mim
e assim sonhamos, inutilmente...
com as pequenas verdades, grandes mentiras que nos rodeiam.

- A Noite! Não é só para escutar utopias!
É para nos deixar também dormir...


Porque nasceram cegos?

 

Porque nasceram cegos?

Ninguém me explicou ainda
para que nasci.
Não sei se fo...i um descuido, ou uma verdade,
se fui um filho sempre desejado ou amado.
Mas uma coisa eu sei
que quando nasci
os meus olhos olharam tudo
e meio tonto de fome, ou espanto
rejeitaram tudo que viram
— o meu sangue correu pelas veias, que se abriram
noutro tipo de sangue...
A este que obedeço,
sempre que tenho um desejo,
é como um desejo mudo.
Mas uma coisa eu sei
que hei-de deixar de existir, sem sangue,
pelo muito excesso de desejar;
mas também sinto,
que não te posso deixar.

Acabarei por ir contigo
nem que para isso tenha que beber o teu fel,
que tenha que ofender, ser temido,
abandonado ao festim dos corvos,
com um mau cheiro de animal morto
lançado ao fogo, que tudo consome.
Hei-de subir aos montes,assustar quem passa
ser ladrão de caminhos.
— É estranho o meu fado, é estranha a minha sina,
mas valerá a pena trocar a minha sorte!

Não me venham dizer
com aquelas frases meigas, adocicadas
(não venham porque me recuso a ouvir, não as ouvirei)
sei que levo um caminho errado,
sei que tenho os caminhos fechados
febre a minha que me tolda o juizo!
Hei-de sempre gritar,
cair, gemer e sofrer,
— acreditem que eu sei.
Mas não quero ter outra vida, outra lei,
outro caminho, outro viver.
Não importa que não chegue lá...
O que eu quero e sempre quiz, é ir em frente
sem mentiras, ou afagos
dos lábios que todos os dias mentem.

É este, o meu querer,
Blafesmo contra vós que duvidais,
raios vos partam, porque nasceram cegos? Porquê?

Faltam ideias

 

Faltam ideias...

As ideias navegam no tempo
lentamente, como uma barcaça sob o rio
Sem marinheiros, sem mastros, só comigo como marinheiro.
... As ideias querem querem que as janelas
se abram no espaço, enormes
exorbitadas e com luz
onde a luz provoca as sombras de estranhas paisagens
o silêncio têm quase sempre um perfil negro.
É urgente parar a barcaça
Enquanto as ideias não voltam
A entrar pelas janelas que deixei abertas.

Caminhos....

 

Caminhos....

Nem todos os caminhos me servem.
Principalmente quando o meu estado é ébrio
roçando as esquinas, cabaceando as mesmas.
... As ruas parecem-me desertas, têm um hálito abafado
igual aos das pessoas que envergonhadas se escondem,
é normal ter um rafeiro, numa rua deserta
por amigo, por cor companheiro.

Ao longe as ondas sacodem-me os cabelos
que jamais o meu amor beijou,
as lágrimas que rolam dos meus olhos
vertem no suor dos lagares que piso,
até que, uma onda mais forte misture,
As lágrimas com o suor,
e não muito longe, vos leve e enterre
numa praia banhada pela espuma das ondas.

É leve...

 


É leve...

Leve é agua da ribeira
mesmo quando o inverno é frio.
Leve é o voo
... dos pássaros que cantam ao amanhecer.
Leve se torna o meu sono
que me faz adormecer.
Enquanto as vagas levemente abordam o cais
leve é o balouçar da bruma que nos cobre
leve é a luz das estrelas que nos iluminam
enquanto fazemos amor
leve, muito de leve o peixe come o isco.
E a margem do cais, torna-se Ténue
aos olhos de quem nos espreita.
Mas uma coisa é certa, o amor que nos cansa e dilui
têm o condão de nos fazer felizes por dentro.

Tu....

 

Tu...

ter-te suspensa no ardor
do ardor que brota
como fogo na minha boca,
... o ardor, a ansia,
prestes a explodir
tu
intacta nos meus pensamentos
nos meus sonhos,
és uma nuvem
com uma voz suave, clara,
soltas o teu apelo...
igual aos das aves que nos sobrevoam
quase em pânico,
na luz doce doce do teu olhar.

O meu segredo...

 


O meu Segredo...

Meu pai andava sempre contra o vento
só agora é que me lembrei, de contar.
Tinha necessidade de lutar contra os ventos da vida
... e eu, nem sequer o imaginava
o seu olhar andava sempre por longe, fixo no horizonte
com uma expressão que levei tempo a perceber
eram olhares miraculosos, cheios de brilho
que faziam que estivesse em todos lugares ao mesmo tempo.
Nunca estava perto, andava sempre por longe, sonhando e vadiando
mas a sua ausência,
não era mais do que o malogro de quem procurava ver
só agora, o sinto e o sei.

Nem sempre andava distante, nós é que o sentiamos distante
o que na prática dá no mesmo
mas quando o espreitava vía-o sempre
ali, muito perto, sentado numa imobilidade total
no pequeno cepo da oliveira, raiado de tons esverdeados
era um velho cepo, mas ainda com miolo,
com que o caruncho se deliciava
lembra-va as lagartas quando esvaziavam a fruta por dentro
tornava-se algo estranho, assim, quieto e pensativo
como resignado ao seu estranho vadiar
os olhos sempre tristes, tristeza que ainda hoje me dói
como se quizessem gritar, com uma coragem nunca abortada.

A ausência demostrada era sómente de mágoa, nunca de fracasso
a sua presença era,
altiva, mas desolada, um pouco triste
sim uma tristeza quase solene e irremediada pelo que não alcançara
só agora sei dar o valor, só agora o sei.

Por vezes mais parecia uma águia rasgando o azul do firmamento
deixando sempre um sulco de esperança por onde passava
esse sulco de cor azul, ficava deveras marcado no firmamento
por vezes o sulco esfumava-se
enquanto o seu voo continuava, para que
o irreal se tornasse real.

Meu pai era um homem com a forte nostalgia que combatia
o que nunca acontecera, e comia-lhe as vísceras
como as lagartas comem a fruta amadurecida
e então só agora é que o sei porque é que
ele calçava as suas velhas sandálias
que eram as suas companheiras nas lutas travadas

Sandálias que o faziam percorrer o firmamento de astro em astro
eram de vento as sandálias que calçara,
levando-o aonde ninguém o poderia alcançar.

Os amigos não sabiam, e eu tão pouco sonhava
via-o sempre sentado no cepo da oliveira, velho
raiado de tons esverdeados como se de uma estrela fossilizada
se tratasse.
por isso tudo era para ele mais distante e triste
sinto-o agora tarde de mais
é uma dor de remorso, que surgiu tarde de mais
que me consome víscera a víscera
como as tais lagartas que estragam a fruta dos pomares.

Mas fica sempre um segredo
de que só ambos partilhamos
e que avaramente guardamos, era indecifravel
era um segredo precioso, um segredo conspirador
que fazia parte só de nós, era um segredo
como se fosse um magia inviolavel.

Ao ver-te...

 

Ao ver-te....

Ver-te suspensa
dos teus labios quentes
na tua boca fogosa
... o ardume que nos percorre
prestes a explodir
tu
ardida nos teus anseios, mas intacta
são sonho e nuvens
a tua voz, clara
é como um esvoaçar
de pequenas aves no mar
quase em pânico
na relva do teu olhar


Temos de acabar.....

 

‎"Podemos mastigar a verdade...
até ouvir os silêncios do dever,
mas não podemos... engolir a indignidade,
nem ingerir os delírios do poder

Partilhamos esta desgraça
Com um inimigo que se diz amigo
nas nossas costas, os da chalaça
tratam bem do seu umbigo

Neste tempo de crenças puras,
salpicos de raiva andam à solta
e as amarras pouco seguras
quebrar-se-ão como um giz
enquanto manifestamos a revolta,
vamos deixando de ser imbecis.

Em prol da almejada justiça
que há-de cultivar-se na jeira
temos de acabar esta liça
para o bem da pátria inteira."

sábado, 5 de janeiro de 2013

Utopia...

 
Utopia....

Cai a noite, silenciosamente,
sem manchas no seu manto estrelado,
e sem carregar qualquer culpa.
...
Será que cairam as máscaras aos Homens,
Será que Os homens as tiraram, ou Cairam?
Os Homens sempre foram bons actores.

Acabou o espectáculo. Tudo o que fia é puro arrabalde.

Lá longe no alto do monte, a lua já velhota,
utópica talvez, vela encostada a mim
e assim sonhamos, inutilmente...
com as pequenas verdades, grandes mentiras que nos rodeiam.

- A Noite! Não é só para escutar utopias!
É para nos deixar também dormir...