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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Porque nasceram cegos?

 

Porque nasceram cegos?

Ninguém me explicou ainda
para que nasci.
Não sei se fo...i um descuido, ou uma verdade,
se fui um filho sempre desejado ou amado.
Mas uma coisa eu sei
que quando nasci
os meus olhos olharam tudo
e meio tonto de fome, ou espanto
rejeitaram tudo que viram
— o meu sangue correu pelas veias, que se abriram
noutro tipo de sangue...
A este que obedeço,
sempre que tenho um desejo,
é como um desejo mudo.
Mas uma coisa eu sei
que hei-de deixar de existir, sem sangue,
pelo muito excesso de desejar;
mas também sinto,
que não te posso deixar.

Acabarei por ir contigo
nem que para isso tenha que beber o teu fel,
que tenha que ofender, ser temido,
abandonado ao festim dos corvos,
com um mau cheiro de animal morto
lançado ao fogo, que tudo consome.
Hei-de subir aos montes,assustar quem passa
ser ladrão de caminhos.
— É estranho o meu fado, é estranha a minha sina,
mas valerá a pena trocar a minha sorte!

Não me venham dizer
com aquelas frases meigas, adocicadas
(não venham porque me recuso a ouvir, não as ouvirei)
sei que levo um caminho errado,
sei que tenho os caminhos fechados
febre a minha que me tolda o juizo!
Hei-de sempre gritar,
cair, gemer e sofrer,
— acreditem que eu sei.
Mas não quero ter outra vida, outra lei,
outro caminho, outro viver.
Não importa que não chegue lá...
O que eu quero e sempre quiz, é ir em frente
sem mentiras, ou afagos
dos lábios que todos os dias mentem.

É este, o meu querer,
Blafesmo contra vós que duvidais,
raios vos partam, porque nasceram cegos? Porquê?

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