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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Hoje será o fim....

 

Hoje, será o fim!

Hoje
nem este falso silêncio que envolve
os meus gestos perdidos
debruçados
sobre os meus braços nus
e enregelados!

Nem a lua, que espalha um cenário já velho,
escuto
a minha doce prisão de viver
a lição que eu escutava quando era Menino:
- Menino! Têm sempre acesa uma vela na tua vida,
pois o resto, o sol, a luz e o ar
são perfumes extraidos do pecado.
-Tem longos e tentadores braços – o dia!

- Menino! Envolve-te no meu regaço
pois não te esqueças, que teus pés
são feitos de pedaços de barro e cansaço!

(Era sempre esta a voz grossa que eu ouvia no escuro
pintado cores belas
na máscara de papelão que tinha no quarto).

Eram vagas, inúteis e magoadas as noites da minha rua...
Noites de lua
que mais me lembravam as correntes que serviam de amarra
na minha vida parada.

- Amanhã,
irás ver os mestres, a escola, os mestres, os amigos e os livros
e o espectáculo da morgue
morando durante dias
nos teus sentidos distanciados.

Amanhã,
será o ultrapassar da curva, que se vê ao longe
no caminho que te está destinado.

(Era sempre esta a voz grossa que eu ouvia no escuro
que acendia a vela, e que na sombra do seu regaço velava
as noites da que enchiam a minha rua e a minha vida
pintava-se sempre de belas cores
na máscara de papelão que tinha no meu quarto).
 
Hoje,
será o fim!

Hoje,
penso na sombra do que há-de vir,
não quero saber dos meus mestres, nem dos meus amigos, muito menos dos livros,
nem tão pouco da fragilidade dos meus pés
feitos deste pedaços de barro e cansaço!
Tenho com uma certa teimosia as minhas revoltas,
todos os meus gestos estão a meio
as minhas palavras estão sufocadas
á espera da sua hora de viver e amar!

Hoje,
nem um cadáver a sorrir na pedra fria,
nem as mãos que ansiosas esperaram,
arrepiadas
no seu medo de findar!

Hoje,
esta noite será sempre a mais bela!


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